O Google está se adaptando ao cenário competitivo, injetando anúncios hiperpersonalizados em conversas de chatbots de terceiros.
Essa estratégia surge em meio a desafios legais e à crescente adoção de IA generativa.
O Impacto da Injeção de Anúncios
Com a crescente pressão sobre a receita de anúncios, especialmente após ser considerado um monopólio, o Google está injetando anúncios nas conversas de chatbots de terceiros. Essa estratégia não é surpreendente, considerando a competição acirrada com empresas como OpenAI e Meta, que estão dominando o espaço de IA generativa.
Julie Geller, diretora de pesquisa da Info-Tech Research Group, destaca que o Google percebe que seu tradicional funil de busca está “vazando”. Se a IA conversacional se tornar o principal meio de descoberta e compra, o Google precisa de uma fonte de receita pronta antes que reguladores ou concorrentes o excluam.
Recentemente, o Google expandiu sua rede AdSense para incluir conversas de chatbots, após testes realizados no ano anterior. Essa mudança ocorre em meio a dois processos antitruste que resultaram em uma condenação por monopólio em mercados de publicidade online, onde o Google gerou quase $265 bilhões em receita em 2024.
Ria Delamere, da Traject Data, observa que essa injeção de anúncios é uma jogada arriscada em um momento delicado, pois não se trata apenas de lucro, mas de manter a posição no mercado diante da pressão de concorrentes nativos de IA.
Além disso, a inserção de anúncios em IA não é uma novidade; a Meta já exibe anúncios em chats privados. Geller menciona que, em 2022, cerca de 40% da geração Z nos EUA preferia TikTok ou Instagram para recomendações locais, em vez do Google. A inclusão de anúncios em IA generativa pode permitir um direcionamento hiper-local e personalizado, atraindo anunciantes de volta para o Google.
Os anunciantes poderão entregar anúncios mais relevantes no momento certo, utilizando dados das conversas para criar anúncios hiper-direcionados. A ideia é que, em um mundo ideal, os usuários vejam apenas os anúncios que desejam, no momento certo de sua decisão de compra.
No entanto, a confiança dos usuários é fundamental. Geller alerta que se os usuários perceberem que as respostas são influenciadas por dinheiro, a confiança diminui, levando-os a buscar assistentes mais neutros. O Google precisará sinalizar conteúdo patrocinado em tempo real e explicar a razão pela qual os anúncios aparecem.
Delamere acrescenta que, quando os anúncios se tornam parte das respostas, fica mais difícil distinguir entre informação e influência. A transparência será crucial, pois a credibilidade é difícil de conquistar e fácil de perder.
Além disso, a privacidade é uma preocupação, já que as transcrições de chat são armazenadas e, às vezes, revisadas por humanos, criando um registro durável de informações sensíveis. Embora o Google ofereça opções de exclusão, elas não são intuitivas, e as empresas devem garantir clareza sobre políticas de retenção e revisão humana.
Por fim, a capacidade de oferecer funcionalidade de chatbot a um custo mais baixo pode trazer novos insights sobre os clientes. As empresas devem equilibrar os incentivos de curto prazo para monetizar com os incentivos financeiros de longo prazo para manter os clientes. Geller recomenda que os líderes empresariais permaneçam ágeis e exijam total transparência sobre o uso de dados e monetização.
Essa nova abordagem de anúncios é apenas o começo, e as empresas devem estar atentas a novos modelos de receita e oportunidades de direcionamento hiper-local, mantendo sempre abertas as rotas de saída e as questões de governança de dados.
Fonte: Computer World
A Oportunidade da Hiperpersonalização
A oportunidade da hiperpersonalização surge como uma resposta à crescente demanda por anúncios mais relevantes e direcionados. Com a inserção de anúncios em conversas de chatbots, empresas como o Google estão se adaptando a um novo cenário onde a personalização é a chave para atrair anunciantes de volta.
David B. Wright, presidente e diretor de marketing do W3 Group Marketing, destaca que essa estratégia não é exclusiva do Google; a Meta já utiliza anúncios em chats privados. Isso mostra que as empresas estão explorando todos os espaços disponíveis para veicular publicidade.
Um ponto crucial levantado por Julie Geller, diretora de pesquisa da Info-Tech Research Group, é que cerca de 40% da geração Z nos EUA prefere usar plataformas como TikTok ou Instagram para recomendações locais, em vez de recorrer ao Google. Essa mudança de comportamento acentua a necessidade de uma abordagem mais personalizada e local nos anúncios.
Com a hiperpersonalização, as empresas poderão entregar anúncios mais relevantes no momento certo e para a pessoa certa. Imagine uma conversa com um chatbot como uma busca muito específica: os servidores de anúncios podem usar os dados da conversa para criar anúncios hiper-direcionados. Wright enfatiza que, em um mundo ideal, veríamos apenas os anúncios que realmente queremos, no momento em que estamos prontos para tomar uma decisão de compra.
Essa abordagem não só promete aumentar a eficácia dos anúncios, mas também pode ajudar a manter a receita dentro das plataformas do Google, evitando que os anunciantes migrem para redes sociais. No entanto, a confiança do usuário será fundamental nesse processo. Geller alerta que, se os usuários perceberem que as respostas são influenciadas por interesses financeiros, a confiança pode ser rapidamente abalada, levando-os a buscar assistentes mais neutros.
Portanto, a transparência será essencial. O Google precisará sinalizar o conteúdo patrocinado em tempo real e explicar por que certos anúncios aparecem, garantindo que as respostas orgânicas não sejam despriorizadas. Se os anúncios começarem a interferir nas respostas, os consumidores podem abandonar a plataforma.
Além disso, a privacidade é uma preocupação crescente, já que as transcrições de chat podem ser armazenadas e revisadas, criando um registro durável de informações sensíveis. As empresas devem garantir clareza sobre políticas de retenção e revisão humana, além de implementar padrões de criptografia adequados.
Por fim, a estratégia de hiperpersonalização não deve se limitar a um único fornecedor. As empresas precisam permanecer ágeis e abertas a novas oportunidades de mercado, enquanto equilibram a monetização de curto prazo com incentivos financeiros de longo prazo para manter os clientes.
Essa nova abordagem pode não apenas melhorar a experiência do usuário, mas também abrir portas para novos modelos de receita, como taxas de assinatura ou de uso, enquanto se observa o impacto da hiperlocalização nos anúncios.
Fonte: Computer World
A Importância da Confiança do Usuário
A confiança do usuário é um dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer plataforma digital, especialmente em um cenário onde a publicidade e a monetização estão se tornando cada vez mais integradas às experiências de interação com inteligência artificial.
Quando se trata de chatbots e assistentes virtuais, a forma como os anúncios são apresentados pode impactar diretamente a percepção do usuário. Se os usuários sentirem que as respostas que recebem são influenciadas por interesses financeiros, a confiança deles pode rapidamente se deteriorar. Julie Geller, diretora de pesquisa da Info-Tech Research Group, destaca que “se os usuários suspeitam que uma resposta é classificada por receita em vez de relevância, a confiança despenca”.
Um exemplo prático disso é a necessidade de que plataformas como o Google sinalizem conteúdo patrocinado em tempo real. Isso não apenas ajuda a manter a transparência, mas também assegura que as respostas orgânicas não sejam “silenciosamente desvalorizadas”. A falta de clareza nesse aspecto pode levar os usuários a migrar para assistentes mais neutros, que não misturam informações com publicidade.
Além disso, a interface do usuário deve ser cuidadosamente projetada para evitar que anúncios distraiam ou causem atrasos nas respostas. Melissa Copeland, da Blue Orbit Consulting, observa que “se os anúncios distraem ou causam atrasos, os consumidores não se aproximarão do aplicativo”. Portanto, a eficiência e a eficácia das respostas são cruciais para manter os usuários engajados.
Outro ponto importante é a questão da privacidade. Geller menciona que as transcrições de chat são armazenadas e, em alguns casos, revisadas por humanos, criando um registro durável de qualquer informação sensível que o usuário possa compartilhar. Isso levanta preocupações sobre como as empresas gerenciam esses dados e a necessidade de oferecer clareza sobre políticas de retenção e revisão humana.
Por fim, a confiança do usuário não é apenas uma questão de transparência, mas também de como as empresas equilibram a monetização com a experiência do cliente. Neil Chilson, do Abundance Institute, ressalta que as empresas precisam avaliar cuidadosamente os trade-offs entre monetização de curto prazo e incentivos financeiros de longo prazo para manter os clientes voltando.
Portanto, à medida que as empresas exploram novas oportunidades de monetização através de anúncios em chatbots, a preservação da confiança do usuário deve ser uma prioridade. Isso não apenas garante a lealdade do cliente, mas também estabelece uma base sólida para o crescimento sustentável no futuro.
Fonte: Computer World